A mulher no mundo dos negócios

 

A mulher no mundo dos negócios

No mês do Dia Internacional da Mulher é válido levantar um debate: afinal, qual é a situação da mulher no mundo dos negócios e quais os desafios ainda precisam enfrentar?

As respostas nem sempre são convergentes: a percepção de como as mulheres estão no mercado de trabalho brasileiro, e quais os desafios que ainda precisam enfrentar, depende de cada uma, de sua posição social e do segmento de mercado em que atua. Mas, diferenças à parte, é fato que o mundo está mudando e, sem dúvidas, essas transformações contraditórias são perceptíveis, ainda que tenham ritmos diferentes em cada região ou nicho.

A mulher tem se destacado em diversas áreas e também no mundo dos negócios (onde os homens sempre foram maioria), mas continua enfrentando alguns problemas de 30 anos atrás. R. A., profissional da área de gestão do setor automobilístico, ainda sente que há discriminação quanto ao “sexo frágil”. Segundo sua própria experiência, as mulheres são constantemente rotuladas em seu ambiente de trabalho: “temos que ser lindas, magras e nunca nem pensar em ter filhos, porque corremos o risco de não agradar aos homens que nos julgam sempre pela aparência, quase nunca pela capacidade intelectual”, conclui.

As mulheres já superaram muitos obstáculos e conquistaram melhores posições no mundo corporativo em relação ao passado. Estamos caminhando no sentido da evolução, ainda que seja um processo longo, gradativo e dialético. Por exemplo: o mercado já reconhece a capacidade das mulheres na gestão de pessoas e administração de conflitos. E, levando em conta que as empresas estão percebendo que seus diferenciais competitivos advém centralmente das pessoas e de seus conhecimentos (e não dos processos ou tecnologia, pois estes são facilmente copiáveis), essa é uma grande vantagem para as mulheres. Ponto para elas.

M.L.I, advogada e servidora pública do Ministério Público, acredita no potencial das mulheres, apesar das dificuldades. “A participação feminina no mundo dos negócios, sem dúvida, convergiu num senso comum de admiração e credibilidade no trabalho da mulher”, afirma. “Observo que a mulher tem visão e comportamento diferenciados, pois se preocupam mais com empregados, questões sociais e com o meio ambiente. A dedicação e a persistência também são atributos que diferenciam as mulheres no mundo dos negócios. Ao contrário dos homens, a mulher questiona suas posições, revê opiniões e assume erros com mais facilidade, o que a torna mais receptiva e flexível”, conclui. Aqui cabe uma analogia: a flexibilidade da mola é o que permite a sua capacidade de impulsionar.

Já avançamos muito; até elegemos a primeira mulher presidente do país (sem entrar no mérito de questões políticas). E, no mundo corporativo brasileiro, ainda que as mulheres não cheguem a ocupar nem um terço dos cargos de presidente nas organizações, a presença delas aumenta a cada dia. Segundo pesquisa da Catho Online com mais de 480 mil executivos e 200 mil empresas nacionais e multinacionais, o percentual de mulheres na presidência de empresas passou de 15,14% em 2001 para 22,91% em 2011. Hoje, segundo O Globo, elas representam 37% dos cargos de direção e gerência.

As mesmas pesquisas apontam que as mulheres brasileiras ocupam mais cargos de chefia em empresas de menor porte. Talvez seja esse um dos desafios que precisamos enfrentar, principalmente em segmentos considerados masculinos, como engenharia, indústria automobilística, mineração, e outros: há mulheres em todos esses setores, mas poucas estão em cargos de comando.

A remuneração das mulheres é outro desafio: ainda é mais baixa que a dos homens para as mesmas tarefas, mesmo que tenhamos grau de instrução mais elevado que o dos homens. “Infelizmente, muita coisa não mudou apesar de sermos uma grande parcela no mercado de trabalho”, desabafa R.A. “Ganhamos menos e ainda não temos o devido reconhecimento que nos cabe ao desenvolver bem (…) desde as tarefas mais simples às mais complexas”.

Podemos dizer que todas essas questões têm raízes no preconceito herdado de nossa história de sociedade patriarcal e machista. Só há poucos anos começamos a enxergar a importância do papel da mulher para a sociedade e para o mercado, e ainda ronda entre nós o atrasado pensamento de que a mulher é a grande responsável pelo lar e pela maternidade ou que  “nasceu para ser mãe e dona-de-casa”. Assim, quando a mulher começa a crescer profissionalmente ou se dedicar à sua carreira, se depara com o velho dilema: como conciliar família (principalmente filhos) e trabalho? E se aprofundarmos ainda mais nessa questão, veremos que o problema é maior entre de mulheres de baixa renda. Mas deixemos isso para outro texto, pois o assunto é extenso.

Há que se comemorar as vitórias, mas tudo mostra que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Na guerra contra o preconceito, ou quebra de paradigma, cada batalha é importante. O momento nunca foi tão favorável; então, somemos um pouco de otimismo à nossa garra e vamos à luta.

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